De volta à guerra.

Quero eu dizer de volta à cozinha.
Trabalhar com Ingleses numa cozinha não é fácil...nada de fácil,
Em NY, levei muita "pancada" e por isso aprendi o que se deve fazer (e o que não se deve).
Estou na cozinha de um restaurante onde trabalhei como empregado de mesa há 2 anos.
Infezlimente do lado de cá da cozinha o ambiente é tipicamente britanico (vá la podia ser pior..se fosse Manchesteriano...até tiros havia eh eh eh), muito futebol, muita conversa e organização ...esquece lá isso.
Com a chegada de um novo head chef (basicamente é o gajo que dá as ordens e outros baixam as orelhas) as coisas mudaram um pouco: começasse a ver luz ao fundo do tunel.
Mas para mal dos meus pecados(e já começam a ser muitos), o meu Head Chef ao ver que as coisas estavam mal paradas numa das secçoes quis que eu ajudasse uma das bestas.
Grande, voz grossa, muita atitude (pensa ele) e pouca esperteza.
Como só tenho trabalhado nos dias de maior afluência está claro que é quando anda tudo à chapada (estou no gozo mas por dentro bem que andamos a 1000 á hora).
E espertinhos na cozinha são aqueles que pela casa dos 35 anos, ja rodaram meio mundo de restaurantes mas que nao saem do mesmo tipo de funções ou seja mediocricidade (perdoem-me senão for assim que se escreve...mas eu tentei :) ) é o seu lema.

Este com quem eu estou a trabalhar é um deles.
E por isso tenho-me fartado de rir com a peça.
Trabalhamos lado a lado, e gajo até se passa comigo!!!!

Pequeno aparte. Como nosso Português faz-nos perceber relativamente o espanhol, em NY fiquei responsável por orientar a "turminha" de hispanicos ( uns ilegais no pais, outros legais mas com documentos falsos :) ) tive de aprender que no meio de bandidos tens de ser o bandido mor, e por ai se ganha o respeito. Se eles limpam o chão, vais lá e mostras que o limpas o chão mais rápido e melhor, que no mesmo tempo fazes sempre mais, melhor e mais limpo...e por ai constrois a tua imagem e se te fazem frente...é bom que te saiam da frente...porque passas de certeza por cima deles, sejam eles grandes ou pequenos, ricos ou pobres.
Mas uma coisa é certa falta de educação e berros nunca....isso é para os taxistas (é o que eu digo um dia destes tenho uma foto minha na Antral a dizer procurasse) e cozinha é tudo menos a praça!!
Por isso aprendi como lidar com situações do genero de ver um mexicano quase cortar a "goela" ao equatoriano sem eu saber que afinal os dois paises não se podem ver à frente um do outro.
Claro que podem cortar a "goela" um ao outro, só não o fazem na cozinha onde trabalham e muito menos com as nossas facas. (agora imaginem-me a mim, meio palmo que sou, metido entre duas personagens que pareciam ter vindo de um filme do tarantino). Vá lá não me cortaram a minha nem a deles :)


Acabando o pequeno aparte (que de pequeno não teve absolutamente nada ) volta ao meu amigo Inglês, que gosta de gritar, mandar uns bitaites do que nao sabe e insultar aqueles que acha que pode.
Imaginem-nos em pleno stress de sabado à noite e começa o dito a bater com panelas e o quer que vier à mão a fazer um barulho dos diabos. Eu como adoro malta assim pergunto-lhe logo:
Mate we don't need a drummer player we need a chef, so which one of them are you?

É claro que o meu head chef ja tem um escola bem grande, dá logo uma gargalhada (eu uma ainda maior por dentro)

A seguir estou a cortar uns vegetais (e que porque já é meia noite e estou ja a dar cabeçadas no ecrãn não vou procurar a tradução :) ) e eis que ouço o seguinte:
Nuno where are my fucking vegetables?

Não respondo, a seguir a mesma frase ainda mais alto:

NUNO WHERE ARE MY FUCKING VEGETABLE

Eu com a toda a calma do mundo respondo:
Paul if you like to fuck with vegetables, its part of your private life...but please keep it to you, don't share that stuff with us!!!

Claro gargalhada na cozinha!!!
E aos poucos se vai domando a besta!!

Ai como eu estou ansioso por sexta à noite....é que ou vai ou racha!!!